No universo do marketing pessoal e de mídias sociais onipresentes, as pessoas vendem um artefato fundamental: elas mesmas. A imagem é determinante e carecemos ser camelôs exibindo pela barraquinha virtual a nossa alegria e o glamour da nossa existência exuberante. Seis Motivos (realmente) Justos Para Abandonar Um estágio em todo comércio informal, surge o bordão de antiga propaganda: “La garantia soy yo”.
Além da “ Empréstimo Pessoal Rápido E Descomplicado Pela Web -propaganda” permanente, alguém hábil sabe que tem que adotar causas nobres, defender coisas de extenso apelo e impossibilitar polêmicas complexas. Lembro-me de observar a um construído show de elefantes amestrados na Tailândia e todos fotografavam incessantemente, como de vício. De repente, uma das colegas de viagem advertiu: “Não publiquem fotos de animais em shows ou sendo usados desta forma, causa algumas descurtidas”.
A frase caiu como uma bomba. Fotos politicamente incorretas seriam um buraco negro destruidor do interesse de marketing. Imagem tem valor de mercado. Vamos aprofundar a ideia ética do espaço virtual. O império da virtude é saudável, inclusive até quando contenha um risco maquiavélico de parecer ao invés de ser. Todos viramos a mulher de César necessitando alardear o exato. Ainda assim, carecemos conter discursos de ódio e ter consciência de que palavras conseguem encorajar violências físicas concretas.
O primeiro passo de todo genocídio é a piada infame. Pra que uma mulher seja espancada, em determinado momento a música, a propaganda, o humor e o debate de bar devem desenvolver um esvaziamento da dignidade feminina. As expressões machucam antes do sopapo. Não há como utilizar o fundamento de liberdade de sentença diante de crime, como racismo ou hostilidade contra a mulher. Aumentamos nosso zelo a respeito afirmações, músicas e humor.
O temor e o ódio perderam seu passaporte universal e passaram a preferir outras máscaras. Eu não posso expor (e insisto, é certo que não possa) que tenho uma ideia preconceituosa (contra a Localidade Nordeste ou contra gays, tais como). A fala não podes mais ser tão livre como era até ontem.
O discurso de ódio faz perder clientes e até pode barrar uma entrevista de emprego. O velho ser preconceituoso ainda não morreu e o novo, isento de preconceitos, está por aparecer. Surge uma paralaxe, uma separação entre sentimento e fala. Passamos a funcionar como a anedótica cena com Galileu: forçado na máquina repressiva da Igreja a falar que a Terra não se movia, calou-se, aceitou teatralmente e salvou tua existência. De acordo com a tradição, teria se voltado ao prédio do tribunal e dito: “E pur si muove!
” (no entanto, Como Conseguir Um Emprego No ramo de Esportes ). Galileu, publicamente, tinha de adotar o Geocentrismo e destacar sua submissão a um paradigma equivocado. A frase mencionada à socapa, entredentes, era a vingança do cidadão contra a repressão. Em semissilêncio, Galileu Galilei resguardava quota da tua dignidade, citando que, pelo menos dentro dele, continuava firme o curso da crença heliocêntrica.
“Podem me obrigar em público, jamais pela minha consciência”, poderia ter pensado o pisano. No século dezessete ainda não tinha despontado o Amplo Irmão de Orwell. Não era fundamental a convicção interna, apenas a exteriorização. Galileu podia valer-se da duplicidade maquiavélica agora aludida: parecer era mais considerável do que ser.
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